Hoje é 27 de julho de 2024 07:47
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Delgatti aceita fazer acareação com Bolsonaro para comprovar denúncias

Durante o depoimento à CPMI dos Atos Golpistas de 8 de janeiro, o hacker Walter Delgatti Netto expôs detalhes de sua relação com a deputada Carla Zambelli e a defesa disse que vai pedir que o serviço de proteção à testemunha do governo federal seja oferecido a ele
Hacker Walter Delgatti Netto depõe à CPMI: entre as acusações feitas por Delgatti, está a de que Bolsonaro ofereceu a ele indulto em troca da invasão da urna eletrônica e de assumir a responsabilidade por grampo ao ministro Alexandre de Moraes // Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O hacker Walter Delgatti Netto disse que aceita participar de acareação com o ex-presidente Jair Bolsonaro para comprovar informações fornecidas à comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele foi questionado sobre a possibilidade pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e respondeu que sim, “de forma tranquila”.

Delgatti prestou depoimento à comissão nesta quinta-feira (17/8). O hacker comentou, em outro momento, que faria acareação com qualquer pessoa para ajudar a comprovar as informações.

“Lembrando que eu faço qualquer acareação, caso seja necessário aqui. Estou à disposição”, afirmou ao ser questionado pelo deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA).

Acareação é um procedimento previsto nos códigos de Processo Civil e de Processo Penal em que são colocadas, frente a frente, duas pessoas que defendem versões contraditórias com objetivo de se chegar à verdade.

Entre as acusações feitas por Delgatti, está a de que Bolsonaro ofereceu a ele indulto presidencial em troca da invasão da urna eletrônica e de assumir a responsabilidade por um suposto grampo instalado para monitorar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Indulto significa o perdão da pena, efetivado mediante decreto presidencial.

O hacker também disse que invadiu sistemas do Judiciário brasileiro a pedido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que nega as acusações. Delgatti ainda afirmou que, a pedido de Bolsonaro, orientou os militares das Forças Armadas na elaboração do relatório sobre as urnas eletrônicas apresentado em 2022.

Outra acusação de Delgatti é que Bolsonaro e o marqueteiro dele na campanha de 2022, Duda Lima, pediram para o hacker servir de garoto-propaganda em vídeo com informações falsas contra a urna eletrônica.

A relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), informou que há possibilidade de ela pedir a acareação de Delgatti com Bolsonaro, com o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, a deputada Zambelli, ou qualquer outra pessoa citada pelo hacker. Para aprovar as acareações, é necessário convocar requerimento em reunião deliberativa da comissão.

Defesa pedirá serviço de proteção à testemunha

Durante o depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de janeiro, o hacker Walter Delgatti Netto admitiu nesta quinta-feira (17) que teme pela própria vida. O advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, informou que pedirá que o serviço de proteção à testemunha do governo federal seja oferecido a seu cliente.

Moreira disse à Agência Brasil que a exposição da versão de Delgatti à opinião pública o coloca em maior risco.

“O senhor está agindo com muita coragem, é certo, mesmo tendo um habeas corpus, falando e contribuindo com a investigação. O senhor teme pela sua vida?”, questionou o deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA).

“Atualmente, sim”, respondeu Delgatti. O hacker acrescentou que o advogado dele já sofreu ameaças de morte.

“Ele fez boletim de ocorrência e ele tem as mensagens e áudios da ameaça”, afirmou.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) mostrou à CPMI os supostos áudios de ameaças recebidas pelo advogado de Delgatti com palavrões e ameaças de morte, inclusive aos parentes do advogado. Segundo Soraya, o advogado do hacker registrou um boletim de ocorrência no dia 13 de agosto de 2022 denunciando as ameaças.

“Essas ameaças foram feitas ao advogado. O senhor se sente ameaçado neste momento também?”, questionou a senadora.

“Sim, me sinto ameaçado”, respondeu novamente o depoente, que acrescentou que o advogado brigou com a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

“Ela entrou em conflito com o advogado, teve um desentendimento com ele e, após isso, ela pediu que eu não falasse mais com o advogado”, revelou Delgatti.

Zambelli tem negado todas as acusações. (Com informações da Agência Brasil)

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