Hoje é 27 de julho de 2024 06:21
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Afastado do cargo por 90 dias, governador do DF corre risco de ser expulso do MDB

Expulsão de Ibaneis Rocha ganha força com apoio do político a bolsonaristas e omissão na segurança pública; vice Celina Leão, do PP, assumirá o comando do Executivo da Capital federal

Afastado do governo do Distrito Federal pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, após falhas na segurança pública da Capital, Ibaneis Rocha poderá ser expulso do MDB. Influentes integrantes do partido, entre eles o senador Renan Calheiros, articulam um movimento para expulsar Ibaneis do partido.

O mau trânsito do agora governador afastado com a cúpula do partido contribui para essa possibilidade. Ibaneis apoiou Bolsonaro no segundo turno, contrariando o apoio de Simone Tebet a Lula. Além disso, nomeou Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro, para chefiar a Secretaria de Segurança Pública do DF.

O movimento para a expulsão de Ibaneis é encabeçado pelo senador Renan Calheiros (MDB/AL), que, em entrevista ao UOL, afirmou:

“Sou do mesmo partido, mas vou defender que ele seja expulso do MDB pelos males que praticou, não apenas neste final de semana”.

“Ele vem praticando em benefício do Bolsonaro e desses terroristas há bastante tempo”, acrescentou Renan.

Ibaneis não foi a nenhuma das três posses de ministros do MDB no governo Lula. Na disputa entre Baleia Rossi, presidente do MDB, contra Arthur Lira para a presidência da Câmara, Ibaneis apoiou Lira.

Em decisão de afastamento, Moraes aponta ‘descaso e omissão’

Ibaneis Rocha foi afastado do cargo de governador do Distrito Federal por 90 dias. A decisão foi publicada na madrugada desta segunda-feira (9/10) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na decisão, Moraes citou descaso e omissão por parte do governador e do então secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, que foi exonerado ontem.

“O descaso e a conivência do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e, até então, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres – cuja responsabilidade está sendo apurada em petição em separado – com qualquer planejamento que garantisse a segurança e a ordem no DF, tanto do patrimônio público – Congresso Nacional, Presidência da República e Supremo Tribunal Federal – só não foi mais acintoso do que a conduta dolosamente omissiva do governador do DF, Ibaneis Rocha, que não só deu declarações públicas defendendo uma falsa ‘livre manifestação política em Brasília’ – mesmo sabedor, por todas as redes, que ataques às instituições e seus membros seriam realizados – como também ignorou todos os apelos das autoridades para a realização de um plano de segurança semelhante ao realizado nos últimos dois anos, em 7 de setembro em especial, com a proibição de ingresso na Esplanada dos Ministérios pelos criminosos terroristas; tendo liberado o amplo acesso”, destacou o magistrado.

O chefe do Executivo local e o secretário de Segurança exonerado Anderson Torres também serão incluídos no inquérito que investiga atos antidemocráticos. A vice de Ibaneis, Celina Leão (PP), assumirá o comando do Executivo local nesse período.

Moraes determinou ainda a desocupação total do acampamento bolsonarista em frente ao Quartel do Exército, na área central de Brasília, em até 24 horas. Os que insistirem, alerta o ministro, poderão ser presos em flagrante e enquadrados em, pelo menos, sete crimes diferentes.

“Determino a desocupação e dissolução total, em 24 (vinte e quatro) horas, dos acampamentos realizados nas imediações dos quartéis generais e outras unidades militares para a prática de atos antidemocráticos e prisão em flagrante de seus participantes pela prática dos crimes previstos nos artigos 2ª, 3º, 5º e 6º (atos terroristas, inclusive preparatórios) da Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016 e nos artigos 288 (associação criminosa), 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (golpe de Estado), 147 (ameaça), 147-A, § 1º, III (perseguição), 286 (incitação ao crime)”.

A desocupação deverá ser feita pelas polícias militares dos estados e Distrito Federal, com o apoio da Força Nacional e Polícia Federal se necessário, devendo o governador do estado e DF ser intimado para efetivar a decisão, sob pena de responsabilidade pessoal.

Em vídeo divulgado no domingo à noite, antes do afastamento, Ibaneis Rocha pediu desculpas aos chefes dos Três Poderes. Segundo o governador afastado, não se imaginava que os atos tomariam tal proporção.

“Quero me dirigir aqui, primeiramente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para pedir desculpas pelo que aconteceu hoje em nossa cidade. Para a presidente do Supremo Tribunal Federal [Rosa Weber], ao meu querido amigo Arthur Lira [presidente da Câmara], ao meu querido amigo Rodrigo Pacheco [presidente do Senado]”, disse.

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a publicação de um decreto que prevê a intervenção na área de segurança pública do governo do Distrito Federal. A intervenção vai até 31 de janeiro deste ano.

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